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Mostrando postagens de 2011

Imprevisível

Se você embarcar comigo nesta jornada Nunca saberá qual será a próxima etapa Pode ser um viagem segura Pode ser uma viagem caótica Viagem com poeta é imprevisível Quando estou em estado de poesia Tenho memórias em extremos Há momentos que são claros Outros só me lembro da dor Os detalhes se perdem As lágrimas não são vistas Eles escorrem dentro em mim Tenho medo de ficar sozinho Quer vir comigo nesta viagem? Sempre há algo pairando no ar Vamos ficar cinco minutos observando... As ruas me chamam de omisso Em meu silêncio prospera a vergonha Eu não pude curar sua dor Olhar de cidade que agoniza.... Implorando por um conforto Fiquei assombrado... Este lugar é tão familiar Suas chagas, suas lágrimas Em bancos frios de concreto Nossa alegria será blasfêmia Há dias que não somos capazes... Voltemos amanhã... será que haverá?

Retalhos

Fiz um poema... Retalhos de palavras Pode parecer curto Ora cobre a cabeça Não os pés Inquieta minh'alma... A imagem dará sentido Em dias de frios Em dias vazios Eu dou de presente Ao frágil, ao doente Sob ele as palavras Darão sentido A quem dorme A quem assiste o dormir E na manhã buscar Retalhos de pessoas Faze-los ouvirem Remendo velho Em vestido novo Não veste bem Fiz um poema Para acordar os que dormem Mas a Palavra veio primeiro Em tecido inteiro Cuide dos frágeis Palavras de Jesus

Alguns instantes

Passei em sua vida Por alguns instantes Nada fora como antes O olhar não fora o mesmo O riso não fora o mesmo Não se repetem Os mesmos passos na areia Nada fora como antes As pedras que jogamos No mesmo lago De águas calmas Seus círculos... Não foram os mesmos O hoje não será como ontem Por alguns instantes Olhe para os meus olhos Há uma lágrima de felicidade Você passou em minha vida Por alguns instantes Sonhei brincar na chuva Por uns instantes A água nos molhou Risos... a dança Alguns instantes A felicidade contigo Alguns instantes Seu olhos, seu corpo Sua voz dizendo Fique alguns instantes...

Dias Velozes

Os dias são velozes O tempo é contabilizado Não há tempo para pausa Não há tempo para escuta Os dias são velozes Os dias são vorazes Há uma distância São poucos os ouvidos Era da informação Muita transmissão Pouca percepção Pouca reflexão Há uma ficcionalização Do horror, do banal Em dias velozes Como sentir as flores Aroma de remorso?... Ou perfume de confissão?... Dias velozes Não são belos, não são feios São grotescos Eu clamo por lentidão Lugar para se sentar E perceber que não basta Twittar Na lentidão damos as mãos Sentimos o frio, o calor E o pulsar dos corações Tudo isto são pétalas Que precisam de receptáculos Em vidas mais lentas Virão as flores As saudosas abelhas E dias mais doces...

Éco

Volátil

Há uma luz volátil Que retinas não atinam Os olhos opacos de carne Cegos por luzes, neons Há vagalumes ora luz Ora escuro, tombos Calombos no corpo Feridas na alma Por alguns minutos fama Se vende a vida Por qualquer dinheiro Por qualquer prazer Luz, flash, notícias Há mariposas que brigam Mortas famintas por luzes Luz volátil, fatal escura Fama, forma a cama Reduto dos mortais De um sonho temporal Luzes que queimam Fogo que destrói a alma Para quem tem a retina de carne Há uma luz atemporal Há uma luz eternal Onde os pés não vacilam Clarão do Caminho Luz para o imundo Clarão para estrada Caminho do Céu Há uma luz Para os olhos da fé Jesus, a luz que não agride Para quem se deixa enxergar

Náufrago

Como um náufrago em busca de uma ilha Saí pela amanhã em busca das palavras Palavras abrigo, alimento e amenidades Há uma rapidez em não se bastar Olhos e mãos, neuroses em ações Busco encontra-las para acalmar minh'alma Caleidoscópio formam versos, desenhos Lágrimas de crianças e homens que choram Saio pelas noites em busca de palavras Náufrago que retorna para praia em caos Os ventos dos inventos não trazem paz Nada moderno,tudo tão antigo Corações sem afagos Mudos, surdos e cegos Oceanos de enganos Tempestades, furações Perdi a capacidade de compreender As questões que animam a vida A poesia objeto de arqueologia Em meu dia a dia, palavras frias Notícias repetidas, mortes e corrupção Como ser poeta em um mundo tirano ? Uma obsessão pelo mal Não sei se estou morto ou vivo A verdade é a maior vítima Sangrando em sua morte Os homens preferem a mentira Saio pelas ruas em busca Da palavra paz que no mundo não a vejo Ausente em mentes que mentem Tenho a

Os muros

O eu fez um muro Não quero enxergar o outro O desejo do eu o aliena O eu não se nutri da falta do outro O eu, senhor solitário de um pensar Aniquila o se dar, o se doar Tem ao seu redor Jardim para quem as flores? Ao outro, o jardineiro? O eu o dono da casa Não sente o ar Não sente o cheiro da terra Não consegue conceber Abelhas e mel O eu e a tentação... Excluir o outro Intolerância as diferenças O eu e o outro... divisão Estradas, povoados, plantações O eu e o outro suas razões Muros, cercas O eu não percebe o outro Porque no escuro o eu Vem sem rumo Sem prumo Cambaleante Beber da água do outro Derrubando os muros Se findando nos braços do outro

Incomparável

Nada fora como aqueles dias Maravilhas, espantos Não fora em Atenas Roma, Paris Não fora em New York A eternidade fizera uma vírgula Na pequena Belém Todo cosmos a indicar É de lá que virá Algo sobre natural Um coral celestial Presente ao fato Canções do alto Reverência ao pequeno Deus Os homens atemorizados! Uma boa notícia A melhor de todas Nasceu o Salvador Que é o Cristo o Senhor Herodes, Cesares, fariseus hipócritas Fora perseguido desde menino Por cuidar das coisas de seu Pai Seu olhar incomodou Os tolos e seus negócios A Virtude Maior confrontando A luz contra as trevas Que mata os desavisados A Virtude Maior contra o pai da mentira A mentira que mata, roupa e destrói O incomparável falou de pão Falou de água e salvação O mar ouviu seu mandar A multidão o seu sermão Se não nascer de novo... O que é carne é carne O que nasce do Espírito é espírito Ele libertou o homem do pó Revestindo de incorruptibilidade O sereno, humilde, o amigo

Nossos dias

O asfalto queima os pés Há meninos malabalistas No sinal fechado, limões em mãos O artista sem máscara De uma vida amarga São poucos os segundos Por umas moedas Já me vem um outro Lavar o parabrisa Quem tem carro precisa enxergar Quem tem fome precisa comer Os homens se apressam O coração se fecha Antes que o sinal Não quero, não tenho Outra dia... A fome pode esperar... Limões aos ares não caem ao chão Nem se faz limonada Vida azeda, mais que ácida Muitas mães, muitos irmãos O sinal em atenção Os homens estão fechados Gravitando em seu pensar Bandidos!...Perigo! Não foram os meninos dos sinais Que comeram a merenda das escolas Foi um bicho chamado homem Ele devora as crianças E está solto pelas ruas Distribuindo cestas básicas

Seu olhar

Onde está seu olhar? Não atravessa as ruas O sol que muitos precisam Ele poderia ser Apenas um olhar Sem um olhar Não há vida As ruas e suas agonias Um olhar liberta o riso Um olhar liberta a alma Derruba muros Aproxima os rostos Um olhar faz bem Traz as manhãs Com a exatidão Do bom, do belo Do feio, do péssimo Um olhar nos faz pensar Para quem olhar? Um olhar torto Um olhar morto Um olhar vazio Nada reto Nada justo Lágrimas... Aonde anda seu olhar? Se seus olhos forem mal Todo seu corpo será mal

Invisível

Sou insivível Me visto de palavras de seda Não me faço invisível Sou um invisível vivo Não um transparente morto Ser invisível é ser perigoso Quebro prisões Conserto casas Choças, mansões Detenho exércitos Calo canhões Há olhos que não me veem Ouvidos que não me ouvem Muitos enformam É de ouro É de prata É de pedra Outros informam Consumismo mortal Modelo de caos Multiplicação de iniquidade Em muitos o amor se esfriou Me fizeram invisível Quem tiver as marcas dos homens Me faz invisível Muito irão morrer pela boca Nem só de pão vive o homem Como o vento que ninguém vê Eu existo nos olhos de quem crer A boca fala do que o coração está cheio

Flash

Em situações de pouca luz Um flash pode iluminar A poesia tão real Pode ser um sonho Um Zum , um retrato A cidade e seus maltratos O catador de papel Seu carrinho de Mão Papéis, plásticos, papelões Tudo isto pode se tornar Casa, cama, feijão Neste vai e vem nas ruas O sonho de uma sobra melhor O que vê entre os restos Um bêbado ao chão Meninos esticados à calçada Em outra esquina, três mulheres Franzinas, marcando o ponto O que mais lhe chama atenção Não são os olhos das mulheres E nem tão pouco seus corpos São as latinhas de cervejas e suas mãos Ele aguarda o último gole Estas latas serão pães Pensou o catador um pensar ecológico Em que usina transformar Os meninos, as mulheres e os bêbados? Nas usinas dos homens não os vejo... Quem sabe haverá catadores de homens ? Carregando estas criaturas Para a usina de Deus.

Inquietação

Inquieta emoção Ansiedade, palpita ção Cada um inventa a si mesmo Um dormir acordado Um virar e revirar O sonho não vêm O mundo inteiro não pode completa-lo Esta vida moderna A felicidade nos cancela O mundo quadrado Um pensar malvado De de homens desatentos As aves aprenderam a lição O alimento virá Comer, voar e cantar Mascarar a ansiedade Tem um prazo de validade Ela volta acompanhada Braços dado com a angustia Cheia de mal humor Sob o impacto da pedra Sob a fluidez da água Não fuja Não escape Não me troque Eis a grande verdade Sem mim nada podeis fazer

Adversos

Vivenciar o pior da vida Sem se desesperar Vivenciar as perdas Sem se perder No infortúnio saber lidar O abandono A traição A exclusão Risos e lágrimas Vivenciar o insucesso Celebridade esquecida Pobre mortal de fato Longe das luzes Em dias cinzentos Nada de sol Nada de flores A doença no corpo A doença da alma Vivenciar o imprevisível Como conter este meu viver!? No silêncio do meu quarto O Mestre mostrou-me Sua vida, sua dor Quando tudo era adverso Eu me fiz assim E digo faça assim Serenidade... na adversidade Busque a minha paz

Eu

Eu era muitos Enquanto rolava o mundo Um jovem querendo saber O olhar e o rosto da bela menina O coração acelerado Olhava os cadernos...o que sonha? Os olhos e seus mistérios As moças me inquietavam Um perfume de sonhar Eu era muitos.... A espera de um sorriso Meus sentimentos Eu um vulcão confuso Querendo viver um grande amor No campo, na praia As noticias eram de guerras Eu era muitos Como pais que perdem seus filhos Nas guerras ....nas drogas... Uma sucessão de sol e tempestade Porque sofrem os inocentes? Quer plante árvore, quer crie palavras Porque esta guerra não tem fim? Eu era muitos.... Um menino, um jovem.... Faço ainda hoje um pouco das idades Eu sou muitos.... Mas como sonho ser um menino

O lixo

Estou me lixando A voz de quem iria limpar a cidade Cuidar das vidas Melhorar nossas estradas Ativo dentro de um pensar Não dou a mínima As ruas sangrando nossos lixos O abandono de gestos, ações Falta tudo a muitos Há tudo a poucos Onde irá parar Este ser que está se lixando? Um chiclete na calçada Um papel de bala Cigarros sobre o chão Estou me lixando Em que coleta colocar este homem Metal, plástico ou papel Incinerado? e ele se deixa? E das cinzas nascer de novo Na alquimia de Deus Água vira vinho Morto passa a viver Ficar se lixando... Mentes baldias... não dá !

No meio do caminho

No caminho há um pedra Drummond nem sonhava Em Minas, São Paulo até Brasília Há um Pedra no caminho Pode ser escondida na palma mão Homens, mulheres e meninos Quem dá dois por uma pedra? Quem tem uma nota de cinco? Em um cachimbo a fumaça Euforia de morte, alucinações A pedra gravada na mente Neurônios sangrando morte Zumbis inquietos Agora ao chão Ratos, baratas Juntos resto de gente Nada que não seja a pedra Parece tocá-los São poucos minutos Viagens ensaios de morte A bolsa do crack a noite inteira Comprando e trocando tudo Salsichas vencidas achadas no lixo Tudo por um a pedra Crianças, vidas marcadas Mulheres grávidas Vivendo com os ratos Nas marquises das ruas Socorro! socorro! Gente bem vestida Tênis da moda Moradores de rua Não existe mais rico Não existe mais pobre Todos rente ao chão Socorro!... nos socorram! Os homens inventam Pedra da morte Deus nos deu a Pedra da Vida Os construtores rejeitaram Ele se tornou a Pedra principal Não há salvação em nenhum outro Só Jesus... Só

Eu quero entender

Foi um erro ficar à sombra de seu olhar? Ficar à espera do seu palpitar Eu quero entender As manhãs nos esperam A vida nos espera Para a batalha do viver Há uma luta interna Dentro em mim Vem me ajudar Estou só neste final de tarde Vou fazer pipoca Vamos ver o filme de nossas lutas Onde erramos? Nas palavras? Nos afetos? Foi um erro esperar Você não veio Fui à sua casa Não fui reconhecido Depois desta odisséia Só seu cão me esperava Morreu feliz ao me ver Eu quero entender Um animal me reconheceu Um humano não me viu...

Imagem

De onde surgiu este homem De onde me vem este robô cinzento De onde me vem este ser biônico Dos papiros não mais Vem dos livros eletrônicos Aguardamos as profecias Seus fatos em atos Um chip na mão direita Um sinal na testa O código de barra Não se compra Não se vende 666 o número sua senha Um grande confronto Joelhos diante de imagem De onde me vem este homem Rascunho borrado Não quis ser imagem de Deus E sim boneco de trapo Nem o seu cão o conhece mais Não era para ser assim... Quer saber o final ? O bem sempre vence

Logo agora !?

Quando nós vem a chuva não entendemos Temos de pronto, um logo agora !? Quando nos vem o sol e seu aquecer A língua bem afiada logo agora !? Nossos olhares se vão não percebemos A exatidão da intervenção No logo agora nascemos No campo as plantas As vidas em um todo precisam de logo agora Como é bom um logo agora A visita na dor As mãos logo agora em um rosto que sofre O pão logo agora ao faminto Um logo agora de paz As cabeças estão doentes Pânico, solidão... Os pés caminham Guerras sem fim Mortes, furações Quem entende do tempo ? De todas as eras ? O logos de Deus veio ao mundo No seu tempo exato Para nos fazer entender O porque de um logo agora.

Em um canto

Há um canto... Em armário velho, as sobras Tintas, pregos e parafusos Há um baú onde estão Presente e passados Álbum com lembranças Um dia talvez eu precise Consertar alguma coisa Retocar as paredes Objetos em cantos guardados O cheiro do desprezo O mofo do abandono Mas um dia eu posso precisar Dias e anos, a ideia Posso precisar... Crianças não toquem nisso Há coisas que eu vou precisar Em nosso coração a um canto Como um baú bem fechado Onde colocamos Deus Um dia eu posso precisar... Um deus, ideia, objeto Em nossa tolice Guardar o que não é limitado Guardar o insondável Ele está em todos os espaços Em toda casa No céu, na terra Além das estrelas, ele está Não se guarda o que não se tem O Deus criador nunca será sobra O deus objeto está morto O Deus verdade está vivo Para quem o conhece Ele está em todos os cantos Nunca será sobra Nem sombra Ele é luz.

Repetição

Nas repetidas manhãs Nos vêm os pardais O orvalho e flores A vida em festa para quem traz seu repetido olhar O crepúsculo se repete Na noite as estrelas repetem seus brilhos Para quem traz seu repetido olhar Nos tornamos velhos em repetir a juventude Nos tornamos jovens em repetir ser criança Nos tornamos bons músicos Repetindo o manuseio com o instrumento Nada se apresenta pronto desde o berço Repetidas sensações, nos trazem o prazer O Belo e o bom nos invade a alma Quando repetimos nosso olhar Olhar de uma só vez é virtual O repetido olhar nos faz real O olhar paixão, olhar de amor Repetir o perdoar Setenta vezes sete... Comunhão, recomeçar Em repetições o que se deve rejeitar ? O que mata o corpo ? O que destrói a alma ? O que esperar de uma olhar a primeira vista ? A confirmação de um amor Repetição de olhares confirma a intenção Tudo em nossas vidas são atos de repetição Palavras repetidas, séculos após séculos Quem crer em mim... repetirá o que já fiz... Ressurgir dos mortos Repi

João 3:16

Sempre no mesmo trem Santa Cruz à Central Vagões lotados, homens prensados Cansados, olhares fundos e mudos A cada estação um turbilhão Empurrões, palavrões, ufas! Falta assento, falta espaço Os camelôs aos gritos Amendoim torradinho Bala de hortelã Quem vai querer ? Como viaja o pensamento... Os que constroem casas não têm tetos As que fazem sapatos andam de chinelos De repente surge um magrinho Quebrando o sono de todos Porque Deus amou o mundo de tal Maneira que deu seu filho unigênito para todo Que nele crer não pereça mas tenha a vida eterna Terminava dizendo João 3:16 Quero dormir, cale a boca ! Outros, aqui não é lugar ! Eu não mereço, dá um tempo! O magrinho não calava Repetia as palavras Colocando sua cabeça na bandeja do julgar Risos, deboches silenciosos Uns vendem balas, outros amendoim Eu não vendo nada, trago a resposta Para sua viagem... viagem pro céu Os olhares sem nada entender Todos os dias o magrinho clamava No balanço do trem Acordava alguns para A Vida Com seu Joã

Tenho pensado

Nas tardes chuvosas Fico em meu leito cismando Elucubrações são muitas Nosso tempo, as vidas Sou um caniço pensante O vento vem para vergar Reflexões prosaicas são mais agradáveis Mas temos coisas graves, inumeráveis Não são banais As possibilidades são muitas Sabe o que muitos irão fazer amanhã ? Chorar e lamentar Os poderosos irão cometer os mesmos atos sórdidos São sessões de torturas, que prazer! Gente que fala contra o tráfico Usa cocaína, na beira de suas piscinas A sociedade a beira de sua falência Tudo descrito em tintas confusas Obscura tragédia em que mergulhamos Como será o jornal amanhã ? Ele nos revela aos poucos A poesia também precisa mostrar O que muito se recusam a ver Voltemos nossos olhar o mais rápido À lama em que nos colocamos Ou fomos colocados? Amanhã nosso rosto pode ficar mais sujo Quando as nuvens estão carregadas Sabemos que vem chuva Há momentos que não temos clareza Que direção tomar Mas precisamos saber o que evitar Entre o falso e o verdadeiro prezar Há

Emigrar

Meu pensar tomou assento Em um vento de pensar Lágrimas em meu olhos Não deu pra relaxar Um silêncio que maltrata Veredas de um sofre Como me fazer entender Eu preciso sorrir Exilado em mim mesmo Só... não se é feliz As canções não tem sentido As flores não tem beleza Na boca nada é mel O sol não é o mesmo Das manhãs de primavera O mar não é o mesmo Das tardes de brisa As dores, os dissabores Maltratando minh'alma Onde eu errei ? Em dar amor Em perdoar Querer o bem Deus quero emigrar Onde estou não quero ficar O belo ato ouvir Tudo é vaidade e vento que passa Quero correr em seus ares Em suaves pensamentos Respirar seu oxigênio Com janelas e cortinas abertas Há tempo para tudo

Meu solo

Aos botânicos, os jardineiros Quero oferecer alimento Conheço a terra Conheço de água Conheço de luz Quero ensina-los o plantar Há pressa em se colher A receita do semear Indicar é não fazer Não é semear Faço germinar A semente menor Semeador entendo de chão Semente que não cai no canteiro Haverá dia de desespero Solo de pedra a raiz não vai longe Grandes e pequenos canteiros Todos precisam aprender A semente do viver Semente em espinhos Cresce sufocada Quem tem ouvido para ouvir ? Semente de mostarda Pequena quase nada Sombra, alimento dos homens Abrigo dos pássaros Vida em harmonia Quem sabe lavrar ? O filho do homem Ele conheço o seu canteiro Ele é a própria semente Para um fruto sem fim

Vida boa

Há tempo que não vou A uma praça É de graça Meu tempo Não vale o dinheiro Um banco, uma sombra Uma conversa de amigo Babás, risos, crianças Há tempo que não vejo Jornaleiro, palavras cruzadas Pipoqueiro, sorveteiro Crentes pregando, Coreto e banda Canções de saudades Namorados, sorrisos e beijos Há tempo que não faço feriado A preguiça de dormir na grama Pombos, pássaros, fonte Ipê, flamboyant, azaleia Outono flores no chão Há tempo eu não vejo Pique esconde, amarelinha Meninas pulando corta Há quanto tempo Não me dou este sonhar A praça resiste Pesadelos, soldados, malandros Meninos de ruas, postes sem luzes Fonte sem água Praça sem graça As crianças se foram Dos homens ficaram Lágrimas saudades.

Tolerância

Havia cavernas Em meus achismos No escuro tropecei Eu me basto Eu me acho Gato e guizo Quem quer se arriscar? Atire a primeira pedra Quem já foi vidraça Tolerância eu quero Como conter o perigo Sem água, sem pão Perpetuei conhecimento Sem fundamentos Falar e nada dizer Dizer e nada viver A dúvida como premissa O que fazer? Eu e meus achismos Como saber sobre a luz Vivendo em uma caverna? Platão já dizia... Cristo quem melhor falou Eu sou a luz do mundo Nada há encoberto Que não haja ser descoberto Fatos que não se vê A fé remove cavernas Onde está o seu tesouro Lá estará o seu coração A Deus ou a Mamom A quem quereis agradar ?

Vida curta

Seremos poucos No modo de pensar Fora do comum A vida é curta A Verdade é longa Desde os antigos Suas necessidades Sócrates ensinando a Platão O alimento, suor e dor Abrigo protetor, busquemos Mudar a natureza, alto preço Buscar o amor o eros multiplicador A busca do mistério Como não morrer Nos diz a ciência Nos diz a religião Intrigante relação A vida é curta A Verdade é longa... Ansiedade do eterno A busca deste mistério Tão próximo de nós No mais profundo do nosso ser Quem é dotado de forças Para se manter? O filho do homem dizendo: O reino dos céus está dentro de vós O Nazareno desvendou o mistério A mais intrigante necessidade Rendam-se todos Aquele que tentar salvar a sua vida Perdê-la-á Aquele que perder a sua vida Por minha causa reencontrá-la-á Acenda a lâmpada e ande Vida curta, vida longa.... Eis A vida