Pular para o conteúdo principal

Penso logo...


Meu Caro René quero entender
Angustiante realidade das cidades
Seres, pessoas sem reconhecimento
Seres aniquilados
Catástrofe humana, inverno de morte
O amor, não amou, esfriou...
Não-pessoas em todas as partes
Não-pessoas, estranha classe de pessoas
Desaparecem nos presídios
Não há juiz de Plantão
Nos corredores dos hospitais
A espera da morte
Não há médico para as não-pessoas
Caro René quero apenas dizer
Não há nada tão angustiante
Do que existir, não existindo
O que é ignorado não existe
Há não-pessoas nas ruas, nas calçadas
Nas escolas, nos abrigos, nos cortiços
Descartes... penso em exclusão
Há um buraco negro em nossa selva
Ignorar as não-pessoas será o fim
Um mundo quadrado, patologicamente
Condomínios doentes...desagregação da mente
Não há aproximação, anomalia, esquizofrenia
O que desejamos? para onde ir?
Sempre que desejamos, nos falta algo
Desejamos o que não somos
Assim o desejo é sempre o que nos faz falta
Precisamos do outro para existir
Pessoas, gente como a gente.

Comentários

  1. Um grande poema, como sempre!!
    Estamos cercados por casos de exclusão: o paraplégico que não tem ajuda para subir no ônibus; o doente no corredor do hospital; o mendigo com fome na rua etc.
    Até quando a sociedade vai olhar para essas pessoas como "não-pessoas"??
    Parabéns pelo poema. Muito rico!!!

    "Não basta termos um bom espírito, o mais importante é aplicá-lo bem." (René Descartes)

    ResponderExcluir
  2. "o desejo é sempre o que nos faz falta"[

    Uma frase cheia de razão.

    Sempre o falta é o que o homem busca. Ciclo vicioso.

    Parabens pelo poema.

    ResponderExcluir
  3. "O que é ignorado não existe... precisamos do outro para existir... pessoas, gente como a gente."
    Quanta sensibilidade, meu amigo!
    "Não há nada tão angustiante do que existir, não existindo".
    Verdades profundas! Obrigada por postar pra gente coisas tão lindas... e às vezes, coisas que também sentimos, mas, não sabemos expressar com palavras e você o faz.
    Abraços!

    ResponderExcluir
  4. Amigo, respondi alguns comentários seus, lá no meu blog. Depois dá uma olhadinha.
    Nem sempre dá para responder todos, pois tenho um filho ainda pequeno (2 anos e meio) e que me ocupa muito tempo rs.rs,rs... mas, quero que saiba que sou muito agradecida pelo seu carinho e amizade.
    Um grande abraço!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Casa dividida

Não chegaremos  a lugar algum Estamos cercados entre céticos E os cinicos Querem mudar o mundo E não mudam a si Não há projetos para os céticos Estamos cercados por ideologia dos cinicos Casa dividida não subsiste Céticos e cinicos são pedras são espinhos Sujos e mal lavados Oder velho em vinho novo Não chegamos a lugar algum Reino dos homens Só há uma esperança Sejamos peregrinos Em direção ao reino do céu Nossa terra só ruina Ídolos com pés de lama Abominável justiça A verdade é a vitima Das balas perdidas dos homens Nossa casa está dividida Quem não junta espalha O que mais precisamos O corruptível se tornar incorruptível O melhor legado para nossa terra A Paz que o mundo não dá Os humildes serão exaltados Mundo para quem se fizer como meninos Ideologia de homens são pó são nó Vaidade das vaidades Um olhar de compaixão Eles não sabem o que fazem.

Live

Tá chovendo live Umas amenas, outras irônicas E as agressivas... Nuvens escuras...tempestades... Há alguém protegendo E dando abrigo ao seu Malvado favorito.

Gota a gota

Aos poucos, gota a gota Chuva é feito disso Gota a gota Os dias são somas Gotas de olhares A luz é feita de gotas Gotas de raios Mas há muita treva Olho por olho Boca sem dentes Se vão os meninos Pobres inocentes Triste cina mães de Israel Mães da Palestina Muro gotas de cimento Rios de lamentos Sem sabor de leite Sem sabor de mel Cores de algozes  Matizes de vítimas Cai sobre nós Sobre nossos filhos Sangue inocente Não se lava as mãos Terra a quem prometida? Gota a gota escorre ao chão O reino dos homens Gotas de pó...