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Mostrando postagens de 2013

Selfies

Esticar o braço apontando para o rosto Autorretrato se espalha... Há uma intenção, prazer, diversão O mundo é dos Selfies... Vivemos de imagens... vivemos à narcisar A vida é mais que imagem  A imagem pode ser vida Perpetuar o tempo, Perpetuar o espaço 0 gene do ego Richard Dawkins  diz isto Gene de uma cultura Luzes que geram cópias Agradáveis,com risos Não tão bem com lágrimas Possuem um significado Imagem do lado de fora Estamos em uma corrida Na velocidade da luz Logo virão as imagens de dentro Retrato do pensamento Saberemos os intentos Imagens ou máculas? Símbolos do bem Símbolos do mal Onde encontrar coragem para mostra seu perfil de dentro? imagens de todo seu pensar A hora irá chegar Não sei se haverá Selfies Querendo compartilhar Suas massas cinzentas faces sem ceras

fragmentos

Pedaços dos que não tem pedaço Não quero ser universal Há dor em minha aldeia Há ex-homens, ex-meninos Pedaços dos que não tem pedaço Tolstói ! falo de minha aldeia Onde nas praças há um exército Dormindo em caixa de papelão Há um aviso: Cuidado frágil Não é sátira nem virtual... Sísifo global Há uma ferida em minha aldeia O trinômio hoje é outro: guerra, droga e fome Estamos na era das chacinas Pensam muitos porque plantar árvores  e não ver seus frutos? Porque ensinar os meninos se não vemos os homens? Em nossas praças tropeçamos em pedras Estamos mumificados com nossas teorias Seres franzinos... juntam suas latinhas elas se transformam em pão, pedra e pó Não há tempo a era é da velocidade Não se brinca,não há sorriso Há dias que não somos capazes Voltemos amanhã, será que haverá? Nos falta a continuidade... Quem irá viver a sombra do que plantamos? Se é que plantamos Dê seu pedaço a quem não tem pedaço Deixemos nossa rede virtual Precisamos pescar homen

Sem sentido

Uivam as cidades,  gemem os homens Serpentes ardentes voam no asfalto Assolação da destruição Uivam todos, soberbos e tiranos São horrendos  nossos dias Um bloco negro que já havia em nós invadiram as ruas Feito língua de sapo Contida quando alimentada com  roupas de marcas Exposta quando busca seu mosquito mau por mal Não mostram suas caras Não é preciso São pelos frutos que se conhece a árvore Uivam as cidades em busca de um culpado Os homens escondem seus rostos Se me ouvires comereis o melhor da terra Coração negro, face escondida Black bloc  tênis negro da Nike Não haverá mais cidade O mal tornará estopa  Sua obra faísca Ambos irão arder Não há ônibus nem metrô Lixeiras não haverá Como fugir? Para onde fugir? Só se vence o mal com o bem Isto é  para White bloc Dos que não escondem suas faces

Olhar de pedra

O que me afeta  Olhar de pedra Ele me afeta Eu estou sóbrio Seu olhar embriagado Não me vê Não se move é pedra Lágrimas poeira... Por alguns instantes Quero ser seus livros Uma história de amor Com abraços e beijos O que me afeta Seu olhar de pedra Não sou romance  Sou a pobre poesia Estou em extinção Vivo no coração Durmo em cama de palavras Me cubro com versos sem rimas Sonho por um olhar  de carne é osso O mundo está paralisado Me diga eu já morri? Estas vivo! Sua amada mais ainda Poesia minha querida Há olhares que são pedras Outros poucos retinas

Ser Síria

Quero remover escombro Vejo reverberar nesta catástrofe Olhares sem bússula, paredes sem portas Não há vizinhos nem visitas Não há escolas, igrejas, mesquitas Não há chaves para alegria Rostos apagados pelo medo De todos os males o que mais mata A verdade dos homens Na Síria há uma fome de matar Na Síria uma fome de morrer Exterminação do outro, porque  é o outro Violência fascista sangue em toda pista Há uma bruma no céu de Damasco Há inocentes, idosos, indigentes Seres caidos ao chão Bruma, maldita! Não haverá flores, só dores Pode haver mais horrores Armas quimicas Mortos em pé, mortos deitados De quem é a culpa? Vamos remover escombros Onde há crianças?  onde ser Síria? Em algum lugar, onde houver comodidade Senhores do chá das cinco Em suas amenidades de gole em gole Pense suas chacinas... triste cina Nos ajudem a ser Síria

Silêncio

Seu silêncio me dói Seu olhar não me vê Quero o porque? Quando busco viver Busco vidas Busco seu oxigênio Busco gerar palavras  Grito ao seu silêncio Não me deixe morrer Seu olhar mudo Sua indiferente Deixa eu esfregar seu coração Meus dedos tem palavras Linguagem necessária Lenço para os olhos No tempo dos sem tempo Tempo dos sem afetos Tempo líquido, éter Nada concreto Pele sem alma Visão congelada Só pra lembrar Há palavras... E elas foram ditas Não tente mata-las Elas brotam em versos Irão dizer em seu sono Acorde... sinta meus beijos Palavras... poesias

Vandalizar

Vem de longe está perto dos homens Vem de longe está dentro dos homens Sua escolha, o conhecimento Sendo assim comeu o fruto do mal Vandalizou a árvore do éden Errante Caim, vandalizou Abel Arquiteto de ruínas Dentro de si, cinzas Em casa, nas ruas O verbo vermelho Sangue de dor Vem de longe E não se basta Como traça Final de guerra O verbo do terror Vandalizar, acabar se acabar Homens sois pó das tolices Viveis as mesmisses Sua trama é lama Palavras de ordem Sem razão... Quem fere com fogo Como fogo será ferido Paz, justiça Não se tem Não se avista Vandalizar Foi o que mais se fez Quem nunca o fez Atire sua pedra Os soldados suas balas de borrachas Nossas lágrimas se misturam Gás lacrimogêneo Deus do céu! vandalizamos Toda terra...Vandalizamos Seu único filho Não damos ouvidos Vandalizamos o amor Ele continua sózinho E diz baixinho Eu sei como não vandalizar.

Retorno

Retorno de uma viagem O retorno não esperado... Me aguarde estou indo Não é preciso estou no Táxi O que?- estou indo... Também estou indo... As novidades em malas Histórias, o ato do encontro Logo eu ti conto... Estou no táxi Já saí de casa, estou na rua Retorne meu amor Retorne...  retorne! Onde há placa?! Não há volta Tudo tão rápido Velocidade fuzil Na rua sem placa Na rua que mata Pintada de sangue Não há UPP Nem Unidade Para Perdidos O retorno do não retorno Mais um, dois... mil Meninos, tiros e fuzis Balas que não são doces Não se chora a morte Estamos todos mortos Não há culpado... Tudo por que não há placa Não há para a vida... Não há para morte... Na Vila do desencontro Apenas mais um ninguém Assim vivemos na cidade Nada maravilha... Onde a culpa é da vítima Onde a culpa é da placa Onde uma vida é nada... Viagem sem retorno Placa... retorno de lágrimas....

Foi ontem

Um quintal faz muita falta Galos, grilos, patos  Martelar de sapos Manhãs de ontem fazem   Manhãs de paz Cheiro de chuva Chaminé, cheiro café O bom acordar Cantos, pássaros Chão de terra, relva Sereno, beija-flor Um quintal faz muita falta Orvalho cristal Roupas no varal Balanço na mangueira A espera do carteiro Um quintal faz falta Coentro,salsinha Couve, cebolinha O cão e seu latido Foi ontem... Hoje meu acordar Sirene de bombeiro Chão de malícia Milicia,polícia Nada de flores Nada de abelhas Vida nada mel Alegria artificial Homens cegos, mudos Homens surdos Suas telas games de guerra Imagens em 3d Gafanhotos devoram  A fauna, a flora Sapo martelo volte com seu martelar Traga meu quintal Quintal que fora ontem

Fome

Tenho fome da palavra A palavra exata Tenho buscado Ela está no ar Ela está na terra Ela está no mar Quero come-la Ela e doce na boca Amarga no ventre Os dias são maus Busco ver o bem O mal está a porta Absinto em meu peito Tenho fome de encontra-la Subirei as nuvens No mais profundo da terra No Abissal do oceano A palavra exata Pisada pelos homens Maltratada pelos tolos Desprezada pelos fortes Ele e doce na boca Ela e amarga no ventre É preciso come-la Ela aproxima Ela nos afasta Ela enxuga Ela trás lágrimas Doce na boca Amarga no ventre Não mais dores Eis a palavra Vida aos corações A quem se fizer de menino

Por um fio

A vida  se desforma Como os relógios  Surrealismo de Dalí Nosso realismo daqui O tempo escorre de lá A vida sangra de cá Foi assim com o malabarista Alpinista de vidraças Foi assim na Paulista Um ciclista caído na pista Seu braço caído em um riacho A procura do seu dono Agora um semi-abraço A vida está por um fio Vodkas, energéticos, volantes Não se vê o outro   Não se vê a si Vida por um fio Balas perdidas Babás enfurecidas Dores...feridas... Freud não explica Vida por um fio Tiros de fuzis O vil metal maltrata O vil metal que mata O animal que sou Jacques Derrida... estamos a deriva Quem é animal , quem é humano? O animal está nu, sempre nu O homem se esconde Suas máscaras, suas roupas... Seu drama, teatro insano Em um ato foi-se um braço Em outro ato deu-se a vida Quem estava por um fio Deu a outra face Face de perdão Da desolação A sublime lição Eu preciso aprender Não feche a cortina...

Perguntas

Tenho feito pouco, sou bem pouco Em tela meu pensar As palavras dizem não há mover Para isto se presta um poeta Chorar um jardim sem flores Vidas sem amores Ruas sem sabores Para que se presta um poeta? Gritar seus versos em um abismo Mesmo não tendo ouvintes Perfurar corações de pedra Até que venha sangrar Para que presta um poeta? As palavras são games Brinquedos são versos Os olhares não brincam Lágrimas do poeta Ver sujeitos sem conteúdo Sem  consciência de si A que se presta sua poesia? Dizer o que o alegra Dizer o que o entristece O afastamento silencioso Sem chance de um retorno Árvores sem frutos Praças sem crianças Homens zumbis, zanzando Olhares para o nada... Para que se presta o poeta? Tirar seu olhar do espelho Deixando de se Narcisar Antes que tudo pereça Há vidas lá fora... Vidas precisando de Vida Se apressa poeta!

Água

O sol sempre... não faz sombra Os dentes de brasas marcam No chão rachado rastros de peixes O mandacaru esconde sua flor O gado bêbado por não beber No céu s inal de fogo Água ausente ... lágrimas No estradão barrento A miragem de umas gotas Água... será água? Promessas, rezas, ladainhas Linguas secas clamam Banho é luxo, me de migalhas Gotas, dois dedinhos de água O sol não se vai Meu boi se foi, mo rreu torrado Sertão sua cima Morte ao homem Quem se importa? Sertão sem pão Sertão sem feijão Minha esmola de sempre Bolsa família dos secos Nada... nada de molhado Sertão sua cina Chuvas de promessas Rio de salivas... A água há de brotar Depois do carnaval Restos de uma fantasia Água... água...

Um pouco

Há em nós um pouco do pó O pó das galáxias, do infinito Temos um pouco, vejo grãos Temos pitadas de um muito Da areia que já foi rocha Temos o crepúsculo Um pouco do dia,  Um pouco da noite O mesmo de nossa aurora Temos um pouco da visão Temos um pouco da cegueira Um pouco do lobo, Um pouco carneiro Somos real, ilusão Temos um pouco do saber Um pouco de não saber nada Temos um pouco da vida Temos um pouco da morte Apenas um pó do principio Átomos, moléculas No infinito um navegar... Em  torno do sol Dias de luzes, dias de sombras Somos um pouco herói Somos um pouco bandido Somos um pouco do amor Somos um pouco dos prazeres Somos pouco em um viver E vivemos muito pouco Um grão de mostarda Abstrato grão de fé Aos poucos... O Eterno nos espera