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Mostrando postagens de fevereiro, 2013

Perguntas

Tenho feito pouco, sou bem pouco Em tela meu pensar As palavras dizem não há mover Para isto se presta um poeta Chorar um jardim sem flores Vidas sem amores Ruas sem sabores Para que se presta um poeta? Gritar seus versos em um abismo Mesmo não tendo ouvintes Perfurar corações de pedra Até que venha sangrar Para que presta um poeta? As palavras são games Brinquedos são versos Os olhares não brincam Lágrimas do poeta Ver sujeitos sem conteúdo Sem  consciência de si A que se presta sua poesia? Dizer o que o alegra Dizer o que o entristece O afastamento silencioso Sem chance de um retorno Árvores sem frutos Praças sem crianças Homens zumbis, zanzando Olhares para o nada... Para que se presta o poeta? Tirar seu olhar do espelho Deixando de se Narcisar Antes que tudo pereça Há vidas lá fora... Vidas precisando de Vida Se apressa poeta!

Água

O sol sempre... não faz sombra Os dentes de brasas marcam No chão rachado rastros de peixes O mandacaru esconde sua flor O gado bêbado por não beber No céu s inal de fogo Água ausente ... lágrimas No estradão barrento A miragem de umas gotas Água... será água? Promessas, rezas, ladainhas Linguas secas clamam Banho é luxo, me de migalhas Gotas, dois dedinhos de água O sol não se vai Meu boi se foi, mo rreu torrado Sertão sua cima Morte ao homem Quem se importa? Sertão sem pão Sertão sem feijão Minha esmola de sempre Bolsa família dos secos Nada... nada de molhado Sertão sua cina Chuvas de promessas Rio de salivas... A água há de brotar Depois do carnaval Restos de uma fantasia Água... água...